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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Pesadelos constantes.


Luciana tem depressão e, por isso, já pensou muitas vezes em se matar. Esse tormento em sua vida começara quando ela tinha 17 anos, hoje com 20, vivia a base de remédios para sentir-se melhor. Por alguns meses começou a ter pesadelos terríveis, onde via pessoas levando um caixão, sua mãe gritava palavras sem nexo enquanto chorava desesperadamente, porém Luciana não se via e assim presumia que estava dentro do caixão, sem vida. Algumas vezes tivera um pesadelo onde era estuprada e, como sonhos geralmente são confusos, de uma hora pra outra encontravam um corpo esquartejado, no banheiro, com sangue por toda parte, inclusive no sanitário e no espelho. Eram cenas horríveis e, por isso, sempre que tinha esses pesadelos, acordava suada e muito assustada.
Luciana nunca acreditara em significados dos sonhos e assuntos do gênero, porém começou a ficar curiosa em saber o porquê dos mesmos sonhos tão constantemente. Pensara na possibilidade de um dia não aguentar mais sofrer e se matar, mas pensara bem e lembrara que em seus pesadelos ocorria um assassinato e não um suicídio.
Sem saber mais o que fazer e, mesmo sem muita credibilidade em coisas sobrenaturais, resolveu procurar pessoas que entendiam mais do assunto, sem contar para sua família pois não se dava muito bem com as pessoas desta.
Depois de encontrar com o último vidente - como intitulava todos que entendiam sobre astrologia, coisas sobrenaturais e até espíritas, já que não tinha muito conhecimento sobre estes assuntos e sempre os referia como “farinha do mesmo saco” - chegou em sua casa e parecia não ter ninguém. Resolveu relaxar, tomar um banho, já que não havia escutado nada que lhe parecesse acreditável, quando encontrou em seu quarto um homem estranho:
- Quem é você?
- Cala a tua boca, vai logo tirando a roupa! - Dizia o estranho com uma arma em uma das mãos, com um olhar alucinado, sem camisa, apenas com uma calça jeans, preparando-se para abrir o zíper desta.
- Me larga! Eu vou chamar a polícia, quem é você? Sai daqui! - Enfrentava Luciana.
Enquanto o desconhecido a segurava com força, Luciana lutara com toda a disposição que tivera, enquanto o estranho tentava tirar sua roupa e lhe machucava, ela lembrara de seus sonhos e um medo muito grande nela surgiu. Logo ela, que sempre tivera vontade de morrer, de ter seu descanso eterno, estava apavorada com a possibilidade de finalmente acontecer o seu antigo desejo, era o que pensava.
Enquanto ia perdendo as forças para lutar contra, com machucados pelo seu rosto e corpo, o homem estranho que invadira sua casa começara a ter posse total sobre ela, e assim, abusara dela com mais facilidade a cada instante, e a cada grito de Luciana, era um tapa em seu rosto.
Como morava em um condomínio fechado de luxo, as casas ficavam muito distantes umas das outras, além de serem enormes, por isso, ninguém iria ouvir seus gritos de socorro.
Ao satisfazer-se com Luciana, o desconhecido correra com muita pressa, deixando-a largada no chão. Seus estado era crítico, sofrera muito, foi conseguindo se levantar aos poucos. Não conseguia nem lembrar mais de seus sonhos naquele momento, só em ligar para alguém da família a levar ao hospital. Tentava entender como aquele homem havia entrado naquela casa com tantos seguranças na portaria do condomínio. Depois de ficar meia hora deitada no chão, sem saber o que fazer, sem forças para erguer-se, resolveu ir ao banheiro. Ao abrir a porta, a surpresa pior estava por vir. Sua irmã caçula de 11 anos estava completamente deformada, havia sido esquartejada sobre o chão, com sangue por todos os lugares, assim como em seus pesadelos. Luciana gritava tão desesperada que apenas após alguns minutos conseguiu ir até o quarto de seus pais, que ficara ao lado e era o único que tinha telefone.
Família em choque, enterro marcado para a semana seguinte. Polícia, confusão, desespero. Sua mãe precisou ser sedada na hora em que o caixão foi enterrado, gritava muito.
Ana Carolina, como era o nome da falecida irmã de Luciana, estudava no colégio Augusto Souza, era abordada diversas vezes na hora da saída por um homem estranho, que dizia querer conhecê-la. Como era ensinada a não dar ouvidos a estranhos, sempre o ignorava. O que ela não sabia, era que aquele homem desconhecido era Carlos, seu pai biológico, com quem a mãe tivera um caso. Carlos era executivo e pedófilo, porém, quando ela se envolveu com ele, o conhecia pouco e preferiu assim ser. Havia sido procurada por ele, depois de muitos anos, e Carlos havia insistido muito para conhecer sua filha. Após achar que era confiável, Lúcia, a adultera, lhe deu a chave de sua casa e dissera para passar por lá para buscar a filha e que não estaria lá pois tinha compromisso no trabalho. Assim Ana Carolina havia sido estuprada e morta tão cruelmente.
Lúcia não aguentara a pressão da culpa e começou a ter alucinações, quando foi encontrada morta, por suicídio, com uma carta contando toda a verdade da morte de sua caçula.
A tristeza naquela família parecia não ter fim, só pensavam em encontrar a pessoa responsável pela morte das pessoas mais importantes de suas vidas.
Carlos foi encontrado, e como Jorge, o viúvo, tinha muito dinheiro, conseguiu contratar os melhores advogados e Carlos foi preso com pena de 89 anos.
Luciana, hoje com 30 anos, ainda tem depressão, porém, não necessita mais de remédios e vive, muitas vezes, muito feliz, com poucas recaídas. Nunca esquecerá a dor que passou há anos atrás, porém, isso lhe ensinou a dar mais valor a vida e, pensar em se matar, nunca mais! A vida é muito breve para isso, assim pensava enquanto lembrava de Aninha correndo pela casa, usando sua maquiagem, enquanto ela ficava furiosa.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Perfume no paletó.


Era um baile de carnaval, 1950, quando ela surgiu. De cabelos vermelhos, longos e lisos com as pontas enroladas, olhos esverdeados, alta e com um corpo de dar inveja à maioria das mulheres naquele salão. Ninguém sabia quem era ela, de onde veio, nem ao menos seu nome. De repente, começou um grande alvoroço e os curiosos foram espiar o que havia acontecido; a linda jovem havia levado um tapa na cara de uma outra mulher. Aquelas donas-de-casa conservadoras e que já invejavam a moça logo pensaram que aquilo só podia ter acontecido porque ela não se deu ao respeito e com certeza teria correspondido a algum gracejo do marido da mulher que saiu correndo, furiosa, após dar o tapa na rosto de Paula. Alguns mostraram-se caridosos escondendo na verdade a grande curiosidade de saber o que de fato havia acontecido e ajudaram Paula a se levantar do chão, estava sentada em um banco quando foi surpreendida por Amelinha.
A grande surpresa foi que Paula agradeceu a ajuda, mas não quis contar nada e saiu com pressa do salão. Passaram-se alguns dias, e vários maridos das donas-de-casa da vizinhança começaram a apresentar um comportamento suspeito. O curioso de tudo era que sempre quando as esposas destes iam atrás dos paletós de seus maridos, sentiam um perfume feminino que as fazia tossir, como uma alergia.
Toda semana, no mesmo salão em que ocorreu o baile de carnaval, aconteciam espetáculos onde grupos amadores de jazz se apresentavam e, por serem amadores, o ingresso era acessível financeiramente a qualquer um daquela região, por isso, sempre lotava.
Jorge estava aniversariando seu 40º ano de vida naquela noite, quando notou a linda Paula em um canto do salão. Não sabia o que o atraia tanto para aquela mulher, além da beleza, ele achava que tinha algo mais. Chegou perto dela e perguntou se estava sozinha, ela recua e diz, com uma voz desconfiada, que sim. Jorge a convida para uma dança, é quando sente um perfume inusitado, ele nunca havia se sentido tão atraído por nenhuma outra mulher. Enquanto dançavam, Jorge a pede em casamento, no que Paula se assusta e começa uma risada discreta.
- Você está louco? Nós mal nos conhecemos! Você é casado, isso já me trouxe muitos problemas!
- Quero casar com você, já decidi, vou me separar de minha esposa.
Não era a primeira vez que Paula recebia este tipo de proposta, já estava até um pouco acostumada, mas queria demonstrar espanto. Jorge vai pra casa, depois de se despedirem, Paula pede pra ele passar um pouco de um líquido, que ela ofereceu, em seu paletó. Jorge não entendeu, parecia que estava enfeitiçado, aceitou.
Chegando em casa, Marta, sua esposa, estava lhe esperando e esperava alguma explicação coerente para aquele desaparecimento justo no dia em que ela havia preparado um belo bolo para comemorarem o aniversário de Jorge. Ele não dá ouvidos e vai dormir.
Ao acordar, sente-se confuso e não consegue lembrar exatamente do que acontecera na noite anterior. Pega seu paletó para vestir novamente e sente um cheiro estranho, mas muito bom.
Paula atraía os homens, mas não ajudava-os em seu desejo pelo adultério. Amelinha e Marta eram mais umas donas-de-casa que viviam às custas do marido e que haviam casado para não passarem necessidades, mas que não amavam mais o marido e que já haviam sofrido com a ausência e o comportamento incomum destes muitas outras vezes, porém, eram muito conservadoras. Amelinha se sentiu ameaçada e agrediu fisicamente Paula, que não reagiu, mas ninguém ficou sabendo exatamente toda a história.
Depois de algumas semanas, Jorge e os outros maridos que não resistiram ao encanto de Paula desaparecem. Nunca mais apareceram, nem pistas sobre seus sumiços, e nunca mais se ouviu falar em Paula. A partir daquele dia, aquelas donas-de-casa viveram mais felizes, apesar de demonstrarem grande tristeza. E depois de alguns anos apenas voltaram a comentar sobre a origem daquela misteriosa jovem do perfume no paletó.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Barulhos estranhos.


Era uma noite fria, mas o medo me tomava por inteira. O relógio badalava à meia-noite, toda vez que passava por esta rua eram estes barulhos estranhos. Os vizinhos não entendiam o que era aquilo, mas preferiam não falar sobre, achavam que conversar sobre coisas ruins atraía má sorte. Sempre fui muito curiosa, e nessa noite, ao ouvir o mesmo barulho à meia-noite em ponto, resolvi ir atrás e tentar descobrir o que era. Talvez fosse melhor deixar minha curiosidade de lado, mas eu já estava decidida.
Caminhei seguindo o barulho; era sexta-feira, a rua estava deserta, minha casa ficava há duas quadras, mas o barulho seguia em outra direção e era atrás dele que eu estava indo.
- Rebeca, o que estás fazendo aqui?
- Quem é? Como sabe meu nome? Não consigo ver nada. - Falava com muito nervosismo, minhas pernas tremiam, mas não era momento para arrependimento. De repente, senti uma mão puxar-me e em seguida perdi os sentidos, desmaiei.
- Onde eu estou? Quem são vocês?
Estava cercada por pessoas estranhas, todas com capuz, não conseguia reconhecer ninguém. Comecei a achar que aquela era uma brincadeira de mal gosto, depois entrei na paranóia de ser um sequestro relâmpago ou algo do tipo, mas como sabiam meu nome? Era o que eu me perguntava.
Foi quando uma delas retirou o capuz, tremia de medo. Era uma pessoa como outra qualquer, com apenas uma diferença, o homem não tinha olhos. Era como se a parte onde ficam os olhos fossem como as bochechas ou a continuação da testa, e aquele barulho começara novamente, todas aquelas pessoas encapuzadas fazendo seu ritual, que até então, eu não entendia ao certo o porquê. O homem sem olhos virou pra mim e disse que aquele ritual acontecia todas as noites e que eles esperavam alguma pessoa curiosa ir atrás para usá-la como o 'objeto' a ser sacrificado, ou seja, eles iriam me matar. Comecei a suplicar e dizer que não estava ali para fazer-lhes mal. Todos retiraram os capuzes da cabeça e, para minha surpresa, todos ali não tinham olhos. Tentava imaginar como eles faziam para me enxergar; demorei a entender que aqueles não eram seres humanos, talvez tivessem sido, mas que já tinham partido e não cumpriram sua missão na terra e, por isso, ficavam vagando e atraindo pessoas mexeriqueiras afim de ensiná-las a cuidar de suas vidas e não se intrometerem no que não eram chamadas. Não sabia mais o que fazer, ainda estava muito nova para ter esse fim trágico. Foi quando um deles decidiu que se eu quisesse sobreviver, deveria atrair outra pessoa para lá e que esta morreria no meu lugar. Deram-me uma hora para pensar em quem eu iria atrair para lá.
- Tomei minha decisão. - Disse, tremendo.
- Foi mesmo? Então estamos curiosos para saber quem você trará ao seu lugar, que crueldade, hein?! Deixar alguém morrer por um erro seu...
- Pois é ... Acho que ficarão espantados com a minha decisão, mas eu decidi que se hoje é o meu dia de morrer, se foi o que decidiram, então assim será. Nunca seria capaz de tirar a vida de alguém para ficar em meu lugar, o erro foi meu, realmente.
- Ora, ora, ora! Não é que encontramos alguém com uma mente diferente? Você sabe que isso era apenas um teste para sabermos se você é alguém do bem?! Pode ir pra casa, menina. Amanhã fará um dia lindo, e lembre-se, guarde nosso pequeno segredinho, feche seus olhos.
Acordei em casa, já estava amanhecendo. Todas as noites em que passava pela rua em que escutava todos aqueles barulhos me lembrava dessa noite; às vezes acho que a minha imaginação é muito fértil e que na verdade eu sonhei tudo aquilo, foi quando estava passando pela rua com minha prima e ela ficou curiosa e me perguntou se eu sabia o que eram aqueles barulhos estranhos e, por via das dúvidas, disse a ela que aquilo podia ser qualquer coisa, mas que não era de nossa conta. Nunca se sabe, nunca se sabe...