sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Como sou fraca.



- É aquela ali, de branco, cabelos pretos, brincos coloridos.
- Onde? Tem tanta gente, difícil saber de quem estás falando.
- Espera, ela vai virar e você vê.
(...)
- Não acredito!
* * * * * * * * * * * * * *
Estava tão cansada, havia estudado o dia inteiro sem parar; vestibular chegando, provas do final do ano, tanta coisa em minha mente. Não, eu não estou me queixando. Tudo o que acontece de ruim, ao menos serve de lição para evitarmos nas próximas vezes (Mas como eu poderia evitar isso? Como eu poderia imaginar?). Fiz meu café, liguei pra ele. A empregada atende e diz que ele não está. Sabe quando você está apaixonada e acha que cada minuto que passa é tempo demais longe daquela pessoa? É tão estranho, às vezes parece até uma obsessão. Como pode, um outro ser humano, igual a você, despertar tudo isso?! Fazer-te tremer, ter ataques de nervosismo... Liguei pra Cynthia, perguntando se ela queria ir ao cinema, queria espairecer, esquecer um pouco aquela minha fixação por ele. Estávamos namorando há 3 meses, não era motivo pra tanto desespero. Cynthia atendeu-me com uma voz estranha, sabia que havia algo errado, pensei que era algo com seu cachorro que havia amanhecido vomitando pela casa, fiquei preocupada, mas ela me afirmou que estava tudo bem com o Tobby e que precisava muito falar comigo. Fiquei assustada, sem reação. (O que poderia ser?).
Fui à casa dela sem avisar.
- O que você está fazendo aqui? (Dizia com a voz nervosa).
- Ué, você me disse que tinha algo pra me contar, fiquei curiosa.
- Na verdade, eu me enganei. Calma, não precisa ficar assim.
- Eu estou normal, você começou, agora termina! Que coisa!
Um dia antes, havia passado na casa de Thayná, como passo todos os dias. Somos melhores amigas. Sabe aquela amiga de infância? Eu sei que é bobagem essa história de "melhor amigo", sinto-me uma criança falando isso. Mas é aquela pessoa que você pode contar a qualquer momento, que você considera mais do que um membro da família. Assim era minha amizade com a Thayná, dividíamos tudo! Ontem foi seu aniversário, e eu que recebi o presente. Uma carta, quatro folhas frente e costas. Aquilo firmou mais ainda nossa amizade. Ela era meu 'tudo'. Quando eu sofria por causa das bobagens que o Lucas falava, quando me tratava mal, ela me consolava, assim como eu fazia com ela que também sofria por alguém - mas estavam separados.
- Espera, o telefone está tocando. - Disse Cynthia.
- Atende depois, conta-me logo, sabes como sou curiosa.
- Bom, Rafa, tu sabes que eu te adoro, né?
- Ai, você está me deixando assustada, o que houve?
Por que eu perguntei? Por que eu sou tão curiosa? Talvez fosse melhor continuar como estava, eu não estaria sofrendo dessa maneira. Pensei nas piores coisas antes, mas não teve jeito. Lucas estava aos beijos com uma garota desconhecida, contava Cynthia.
- Quer um copo d'água?
- Não, estou bem, obrigada. (Respirei fundo) Vo...cê sabe... Sabe... não sabe mesmo quem é?
- Infelizmente, não. É... Tem outra coisa que você não sabe.
- Mais coisa? Meu Deus!
- É... Não sei se você vai querer saber, mas eu, como sua amiga, quero te falar. Promete que não vai ficar magoada comigo?
- Claro que não. Conta logo! Estou aflita, não estás vendo?
- Está bem. Não foi a primeira vez que isso aconteceu... Na verdade, quando eu te liguei, tinha acabado de vê-los na Estação das Docas. Eles ainda devem estar por lá, mas vai ser difícil encontrá-los, pois está acontecendo um show no local.
Não acreditava que até a Cynthia estava me escondendo uma coisa dessas. Tentei entender, afinal, só queria vê-lo, o mais rápido possível.
Chegamos no local, estava realmente lotado. Não sei se foi sorte ou azar, eu o vi de longe. Respirei fundo, Cynthia estava lá atrás, pois sai com tanta pressa que a deixei para trás. Ela chegou ofegante e percebeu que era ele. Estávamos procurando a tal garota que o acompanhava, não estava com cabeça para falar com ele naquele momento.
(Continuação do começo)
- É ela, Cynthia.
- Ela quem? Você a conhece?
- Não acredito! Não! Comigo não! (Aos prantos, não conseguia parar, e soluçava).
Cynthia não conhecia todos os meus amigos pois estava estudando e trabalhando, vivia muito ocupada. Ela não fazia idéia do que estava se passando dentro de mim.
- Traída duas vezes.
- Como as...
- Minha vida acabou! (Interrompi).
- Ah, não. Você não vai ficar assim por causa de namorado.
Era a Thayná. Ela era quem estava aos beijos com Lucas. Eu podia esperar tudo de qualquer pessoa, menos dela. Era minha amiga de infância, era aquela pessoa com quem eu podia sempre contar. E estava lá, aos risos, com o meu amor. Meus dois grandes amores juntos, traindo-me sem sentir culpa alguma.
* * * * * * * * * * * * * *
- Alô.
- Rafaela, é você?
- Sim, quem está falando?
- É a Thayná, quanto tempo!
- Verdade, 2 anos?
- Por aí. Você está be...
- Por que você está me ligando? (Interrompi).
- Rafaela, já passou, faz tempo.
Eu queria desabafar, dizer tudo o que estava dentro de mim, dizer o quanto ela me fez perder 1 ano inteiro chorando por causa dela e dele. Dizer que ela estava errada, e que, apesar de tudo, ainda se fez de vítima. Eu não conseguia controlar minha emoção. Era raiva, alegria, não sabia. A verdade é que ela me fez muita falta.
- Estava com saudades. (Foi a única coisa que consegui falar. Como sou fraca.)