sábado, 6 de dezembro de 2008

Barulhos estranhos.


Era uma noite fria, mas o medo me tomava por inteira. O relógio badalava à meia-noite, toda vez que passava por esta rua eram estes barulhos estranhos. Os vizinhos não entendiam o que era aquilo, mas preferiam não falar sobre, achavam que conversar sobre coisas ruins atraía má sorte. Sempre fui muito curiosa, e nessa noite, ao ouvir o mesmo barulho à meia-noite em ponto, resolvi ir atrás e tentar descobrir o que era. Talvez fosse melhor deixar minha curiosidade de lado, mas eu já estava decidida.
Caminhei seguindo o barulho; era sexta-feira, a rua estava deserta, minha casa ficava há duas quadras, mas o barulho seguia em outra direção e era atrás dele que eu estava indo.
- Rebeca, o que estás fazendo aqui?
- Quem é? Como sabe meu nome? Não consigo ver nada. - Falava com muito nervosismo, minhas pernas tremiam, mas não era momento para arrependimento. De repente, senti uma mão puxar-me e em seguida perdi os sentidos, desmaiei.
- Onde eu estou? Quem são vocês?
Estava cercada por pessoas estranhas, todas com capuz, não conseguia reconhecer ninguém. Comecei a achar que aquela era uma brincadeira de mal gosto, depois entrei na paranóia de ser um sequestro relâmpago ou algo do tipo, mas como sabiam meu nome? Era o que eu me perguntava.
Foi quando uma delas retirou o capuz, tremia de medo. Era uma pessoa como outra qualquer, com apenas uma diferença, o homem não tinha olhos. Era como se a parte onde ficam os olhos fossem como as bochechas ou a continuação da testa, e aquele barulho começara novamente, todas aquelas pessoas encapuzadas fazendo seu ritual, que até então, eu não entendia ao certo o porquê. O homem sem olhos virou pra mim e disse que aquele ritual acontecia todas as noites e que eles esperavam alguma pessoa curiosa ir atrás para usá-la como o 'objeto' a ser sacrificado, ou seja, eles iriam me matar. Comecei a suplicar e dizer que não estava ali para fazer-lhes mal. Todos retiraram os capuzes da cabeça e, para minha surpresa, todos ali não tinham olhos. Tentava imaginar como eles faziam para me enxergar; demorei a entender que aqueles não eram seres humanos, talvez tivessem sido, mas que já tinham partido e não cumpriram sua missão na terra e, por isso, ficavam vagando e atraindo pessoas mexeriqueiras afim de ensiná-las a cuidar de suas vidas e não se intrometerem no que não eram chamadas. Não sabia mais o que fazer, ainda estava muito nova para ter esse fim trágico. Foi quando um deles decidiu que se eu quisesse sobreviver, deveria atrair outra pessoa para lá e que esta morreria no meu lugar. Deram-me uma hora para pensar em quem eu iria atrair para lá.
- Tomei minha decisão. - Disse, tremendo.
- Foi mesmo? Então estamos curiosos para saber quem você trará ao seu lugar, que crueldade, hein?! Deixar alguém morrer por um erro seu...
- Pois é ... Acho que ficarão espantados com a minha decisão, mas eu decidi que se hoje é o meu dia de morrer, se foi o que decidiram, então assim será. Nunca seria capaz de tirar a vida de alguém para ficar em meu lugar, o erro foi meu, realmente.
- Ora, ora, ora! Não é que encontramos alguém com uma mente diferente? Você sabe que isso era apenas um teste para sabermos se você é alguém do bem?! Pode ir pra casa, menina. Amanhã fará um dia lindo, e lembre-se, guarde nosso pequeno segredinho, feche seus olhos.
Acordei em casa, já estava amanhecendo. Todas as noites em que passava pela rua em que escutava todos aqueles barulhos me lembrava dessa noite; às vezes acho que a minha imaginação é muito fértil e que na verdade eu sonhei tudo aquilo, foi quando estava passando pela rua com minha prima e ela ficou curiosa e me perguntou se eu sabia o que eram aqueles barulhos estranhos e, por via das dúvidas, disse a ela que aquilo podia ser qualquer coisa, mas que não era de nossa conta. Nunca se sabe, nunca se sabe...

23 comentários:

Kacau disse...

moral da história " nunca deseje pra outros o que vc não quer que aconteça pra vc" ,muito bom


http://messnatural.blogspot.com/

Unknown disse...

gostei bastante do texto...


http://nationanimes.blogspot.com

Ravenc disse...

Mto bom cilla
sensacional!!!!
Até q enfim né?
kkkkkk
O texto mto involvente.
mto interessante o final...
Gostei mto cilla!
TE AMO.

Dota disse...

Gostei muito do texto...

e otimo blog..

Anônimo disse...

Eu tenho algumas crônicas no blog... mas, na verdade, este último post foi uma história real.
Meu blog não é temático: escrevo sobre o que está me afetando no momento. Ficção, realidade, crítica social ou artística... tanto faz.

Sua crônica é boa. Você trabalhou bastante o suspense, deu pra sentir o q se passava na cabeça da personagem. E também dá pra perceber q vc realmente gosta do q escreve. Parabéns!

Anônimo disse...

Gostrei muito do texto... É bem o gênero que leio com vontade e releio quando bom. Sugiro que o publique... Ele prende-nos a atenção. Se interessar, faço parte do projeto "Nova coletânea", o qual publica autores novos em antologias cooperadas.
Vá em frente, ok?

Um grande abraço

Anônimo disse...

legal seu texto
mto bem escrito

abraços

G. disse...

parabens pelo texto! =]
e obrigado pela visita no blog!

http://saladacomfarofa.blogspot.com

- disse...

'Nunca se sabe.'
Uma das minhas máximas favoritas.

E o texto, não tentarei parabenizá-la por ele, seria leviano de minha parte fazer qualquer comentário.

Obrigado pelos momentos de prazer que me proporcionou.

André disse...

Obrigado pela opinião no meu blog! Sabe, atualmente ando tantando descobrir se Deus Existe ou não... mas não da forma "De-eus, onde está você-ê?"♫ rs

Tento pesquisar sobre o assunto conversar com pessoas com os mais diferentes pensamentos... tentar chegar a um auto consenso... Acho que um dia chego lá.

E sim, eu sou do Pará sim, de Belém (e ontem nem fui no Du Pará, acabei indo pro Mormaço). hehe.

Até mais!

Erica disse...

Arrasou
massa!

Bala Salgada disse...

Nossa, obrigada!
Você sempre posta um conto por post?Eu adorei este aqui, assinei seu feed.

Levi Ventura disse...

Seu texto me prendeu, li que nem senti fiquei feliz pois você é o segundo blog que encontro desse gênero de textos.
---------------------------
Pensa em parceria?
Passa lá em meu blog e deixa um recado.
http://duventublog.blogspot.com/

vitor Marques disse...

como da a cacau

moral da história " nunca deseje pra outros o que vc não quer que aconteça pra vc" ,muito bom

Unknown disse...

ow vc escreve bem
parabéns pela iniciativa (falo isso pq ja tentei escrever mas acabei desistindo)

e não pare!

henriquenss.blogspot.com
(CINEMA E ETC.)

Lucas Monclar disse...

o texto passa uma mensagem muito boa

Anônimo disse...

Muito bom... Eu gosto de ler coisas assim, que façam sentido... Tem muito autor famoso que escreve coisas sem pé nem cabeça.

Blog disse...

moral da história " nunca deseje pra outros o que vc não quer que aconteça pra vc" [2]

Keko disse...

gostei bastante!! voce tem futuro como escritora
te desejo toda sorte do mundo!
abraço

Renata disse...

poxa, eu adoro seu blog ... pena que vc demora muito para atualizar. Bjão

Bala Salgada disse...

Este foi o post que me conquistou.

Paula disse...

Historia Muito Boaa , até colei no meu perfil ^^
Li todos od textos do teu blog , muito bom,

Anônimo disse...

Barulhos estranhos nunca é um bom sinal.
A curiosidade atraiu a Rebeca até o local mas a bondade a tirou de lá.
Ainda bem que ela não trouxe ninguém ao lugar delam, ia ser crueldade mesmo.